O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinou, em resolução
publicada nesta terça-feira (9), que motos deverão sair de fábrica com
sistemas que auxiliam na frenagem. Eles serão exigidos, de forma
escalonada, a partir de 2016. Primeiro, para 10% das motocicletas novas.
Até 2019, chegarão a 100%.
As motos novas que têm menos de 300 cc poderão ser equipadas com freios
ABS, como o dos carros, que evita o travamento das rodas (veja no vídeo acima),
ou com o CBS, que distribui proporcionalmente a força de frenagem para
as duas rodas, a fim de garantir uma desaceleração rápida e segura.
Para motos com mais de 300 cc será obrigatório o ABS. Em motos de alta
cilindrada, o sistema de freios ABS já está presente na maioria dos
modelos. BMW, Harley-Davidson, Ducati e Triumph possuem ABS em toda sua
linha vendida no Brasil.
O que é o ABS
O Anti-lock Braking System (sistema antitravamento de freios, em português), obrigatório desde janeiro deste ano para carros novos, impede que as rodas travem na frenagem brusca. Para o especialista em motos Roberto Agresti, colunista do G1, "testes em piso seco e condição de pavimentação ideal que comparam os espaços de frenagem de uma moto dotada de ABS e outra sem – e com um piloto habilidoso ao guidão – não resultam em grande diferença; contudo, a situação muda de figura se atrás do guidão estiver alguém inexperiente e/ou nem tão hábil, e, principalmente, se o chão estiver molhado".
O ABS permite frear forte a moto sem que a roda traseira levante. Ao
acioná-lo, a alavanca do freio ou o próprio pedal podem trepidar, o que é
normal.
CBS é sigla em inglês para "Combined Braking System" (sistema de freios combinados, em tradução livre). É mais barato e também diferente do ABS. Enquanto nos freios tradicionais existem acionadores independentes para frear a roda da frente (manete direito) e a traseira (pedal), o sistema combinado reparte a força de atuação entre os dois eixos.
A ideia do CBS é corrigir o mau hábito dos motociclistas de usar
somente o freio traseiro, quando o ideal é acionar os dois, já que a
maior parte do poder de frenagem de uma motocicleta está na dianteira.
Com o sistema, a moto consegue parar antes.
O acionamento do freio combinado ocorre de maneira progressiva. É
necessário pressionar o pedal com força, utilizando todo o seu curso,
para entrar em ação a frenagem na roda dianteira. Com leves toques sobre
o pedal, a força fica apenas na roda traseira.
Quando começa a valer
Veja o calendário de adoção dos sistemas, segundo a resolução 509 do Contran:
- a partir de 1º de janeiro de 2016: 10% da produção ou importação;
- a partir de 1º de janeiro de 2017: 30% da produção ou importação;
- a partir de 1º de janeiro de 2018: 60% da produção ou importação;
- a partir de 1º de janeiro de 2019: 100% da produção ou importação.
Estão dispensados dessa exigência veículos de uso exclusivo fora de
estrada (off-road), militares, artesanais e cicloelétricos com potência
até 4 kW e que não ultrapassem a velocidade de 50 km/h.
Custo da moto
Para a associação dos fabricantes, a Abraciclo, a indústria brasileira já tem capacidade de ser adequar à exigência. "Esta novidade trará mais segurança aos usuários. A norma é similar à existente na Europa", diz o diretor-executivo José Eduardo Gonçalves. Ele afirmou que "ainda é cedo" para saber o impacto da exigência desses equipamentos no preço das motos.
Segundo a Honda, que detém 80,4% do mercado brasileiro de motocicletas,
a diferença de valor de uma moto com e outra sem ABS é de cerca de R$
1,5 mil.
Recentemente, a montadora japonesa lançou uma versão da CG 150, moto mais vendida do país, com CBS.
É o primeiro modelo de moto de baixa cilindrada com o sistema e o preço
do modelo com esse item aumentou em R$ 180.
Antes da CG 150 Titan, apenas scooters de baixa cilindrada possuíam o
sistema no Brasil. O modelo a inaugurar o sistema foi o Honda Lead e,
posteriormente, o sistema apareceu no Honda PCX e a Dafra também equipou o Citycom 300i com o CBS. O próximo lançamento da marca brasileira, o Cityclass 200i, também terá o dispositivo de frenagem.
O CBS também aparece, como opcional, na linha 300 da Honda, composta
por CB 300R e XRE 300, porém, neste caso o sistema trabalha em conjunto
com o ABS e é chamado de C-ABS.
Como é a regra na Europa
A partir de 2016, todas as motos novas na Europa, com motores de cilindrada superiores a 125 cc, terão que possuir freios do tipo ABS, que evitam o travamento das rodas em frenagens bruscas.
Para modelos com tamanho de motores inferiores a 125 cc, será mandatório o ABS ou o CBS, que "reparte" a força da frenagem entre as rodas – a escolha de um deles pode ser feita pelo fabricante.
Fonte: G1
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