terça-feira, 10 de maio de 2011

ESTE VÍCIO É SAUDÁVEL. PERMITA-SE!



O jornal o Estado de S.Paulo publicou recentemente uma matéria muito interessante chamada “Vida na Cidade. Mais carros, as mesmas vias”, dos repórteres Bruno Paes Manso, Rodrigo Brancatelli e Flávia Tavares. Segundo a reportagem, neste mês a frota paulistana chegará a impressionantes 7 milhões de veículos (carros, motos, caminhões e ônibus) disputando espaço nos 17 mil quilômetros de vias pavimentadas. Um detalhe: na década de 1970, havia 965 mil veículos para 14 mil quilômetros de ruas e avenidas. Ou seja, nos últimos 40 anos, enquanto a frota aumentou 725%, o de ruas cresceu apenas 20%. Precisa dizer mais alguma coisa? É evidente que os engarrafamentos vão bater recorde atrás de recorde.

O transporte coletivo poderia ser uma solução, entretanto, a grande maioria que possui automóvel nem cogita a possibilidade de deixá-lo na garagem para ir trabalhar de ônibus ou metrô. E quer saber, não posso criticá-los por isso. É muito melhor enfrentar os engarrafamentos no conforto do seu automóvel do que passar o mesmo tempo em pé, em um ônibus caro, desconfortável, muitas vezes sujo e invariavelmente superlotado. No metrô, além da superlotação, o grande problema é a pequena malha, que não atende regiões onde moram milhões de pessoas. Por isso, responda sinceramente: dá para culpar quem não abre mão do seu carro? Eu acho que não.

Bom, se andar de carro pela cidade é um tormento e o transporte público é torturante, porque não optar pela motocicleta? Acostumado à agilidade da moto, costumo comentar com meus amigos que não entendo como algumas pessoas conseguem passar, todos os dias, duas, três horas por dia em engarrafamentos só para ir e voltar do trabalho, mas, na verdade, entendo perfeitamente. Muita gente tem medo de moto.

Além de já existir um preconceito generalizado (preconceito no sentido literal da palavra), na imprensa, são raras as matérias que envolvem motos e não são pejorativas. Responda com sinceridade: alguma vez você viu uma reportagem mostrando as motocicletas como uma solução para o trânsito nas televisões abertas? Duvido.

No máximo, como fizeram há alguns meses em um Globo Repórter, utilizam um bloco do programa mostrando o esforço diário de um motoboy para conseguiu manter uma casa e criar os filhos trabalhando com a moto, enquanto destinam o resto da matéria para falar dos amigos que ele perdeu em acidentes, dos ossos quebrados e do fato de se orgulhar de nunca ter entrado em um carro de resgate. Claro, tudo intercalado com imagens de retrovisores sendo chutados e outras barbaridades no trânsito, praticadas por alguns animais que andam por aí em motos e que são os responsáveis pelo péssimo estereótipo dos motociclistas hoje… mas esse é um assunto que quero abordar outro dia.

Enquanto as coisas forem assim, não adianta: mesmo que eu convença meu vizinho a comprar uma moto e deixar o carro em casa, basta ele ligar a televisão à noite ou ler o jornal pela manhã para esquecer a ideia de tornar-se motociclista.

Ainda bem que há exceções, como é o caso do jornalista Celso Miranda. Autor da coluna “Moto na Cidade” (www.celsomiranda.com.br), Celso fala frequentemente para os ouvintes da rádio Sul América Trânsito 92,1 FM sobre os benefícios da utilização de motos na cidade, segurança e dicas de pilotagem. Infelizmente, entre os jornalistas que tem voz em algum grande meio de comunicação, é um dos únicos com embasamento prático e teórico para falar com propriedade sobre motocicletas.

Não conheço ninguém que tenha se arrependido de comprar a primeira a moto, pelo contrário. Sei de muita gente que comprou uma moto pequena pensando apenas em ter um meio de transporte econômico e prático para o dia a dia e, pouco tempo depois, partiu para um modelo maior já pensando em viagens com os novos amigos. Outros fazem o inverso comprando uma moto “só para os finais de semana” (muitas vezes com medo de andar no dia a dia), mas poucos meses depois compram uma segunda moto, menor, para tornar-se motociclista em tempo integral. Por isso digo, permita-se. Tendo acesso a informação de qualidade sobre segurança, sabendo escolher aquele modelo que melhor atenda as tuas necessidades e pilotando com responsabilidade, é perfeitamente possível conciliar todos os benefícios que só uma motocicleta pode trazer a tua vida sem correr riscos desnecessários. Acredite.

Parafraseando o Maluf: Compre uma moto. Se você não gostar ou tua vida não mudar para melhor, nunca mais entre neste site.

fonte: BestRiders

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