sexta-feira, 11 de março de 2011

PRECONCEITO NA CAPITAL MINEIRA

Minha falecida tia sempre me dizia isso quando via a infinita capacidade do ser humano em manipular e inverter dados, fatos e valores.

A pilantragem dos homens - e das suas instituições - atinge um nível tão perverso que chega a induzir à total inversão de valores e propostas.


CAMPANHA NA TRASEIRA DE UM ÔNIBUS

A publicidade assinada pelo SetraBH - Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte e pelo Sintram - Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano veiculada em vários ônibus de Belo Horizonte (foto) tenta associar medo à utilização da motocicleta como meio de transporte.
É inegável que a motocicleta é um instrumento de locomoção de risco elevado. Isso é tão obvio que nem precisaria ser evidenciado na questionável propaganda. Contudo, cumpre refletir sobre os reais motivos que levam milhares de usuários do sistema público de transporte a abandonarem os ônibus e passarem a utilizar as motos.


PASSAGEIROS TRANSBORDANDO! E O PERIGO?


NOSSA! QUE DESCONFORTO!

Por que abrir mão do conforto de ir para o trabalho como passageiro, sentado, sem temer chuva, calor ou frio, sem se preocupar com o enfrentamento do caótico trânsito das grandes cidades?

Por que investir dinheiro em uma moto?

É cara para o padrão médio dos usuários de ônibus e ter ainda que arcar sistematicamente com IPVA, taxas diversas, vistorias, manutenção, seguro e combustível?


Não seria muito melhor utilizar os ônibus no dia-a-dia?

Sem dúvida que a resposta é sim. Mas por que muitos usuários que inicialmente experimentam os ônibus acabam optando pela cara decisão de compra e cansativa utilização da motocicleta? Todos sabemos as respostas: intervalos demorados nos pontos, ônibus sem nenhum conforto e lotados, muitos motoristas grosseiros com os usuários e imprudentes no trânsito, cobradores (quando ainda existem) intolerantes e rudes, itinerários ineficientes e, sobretudo, passagens caríssimas.


ÔNIBUS TAMBÉM PEGA FOGO!


QUANTOS FILHOS SE FERIRAM?


É APERTADO, NÃO?

Os usuários experimentam os ônibus e não gostam dessa vivência. Por isso, apesar de todas as desvantagens, riscos e gastos inerentes às motos, tais usuários ainda preferem assumir tais penitências a enfrentar o infinito castigo imposto pelas empresas de ônibus.

A SetraBH e Sintram, numa total inversão de relação causa e efeito, e com tal perda de passageiros, apresentam uma propaganda discriminatória e irresponsável, uma vez que atingem toda a cadeia produtiva e comercial da indústria de motocicletas.

Como sindicatos das empresas proprietárias de ônibus, por que não investem maciçamente na luta pela correção das causas anteriormente citadas como responsáveis pela falência do transporte público?

Por que é obviamente mais barato colocar o dedo na ferida dos outros do que cuidar do seu próprio câncer.

E tal câncer é, irresponsavelmente, apoiado ou convenientemente não visto pela administração pública, que tem suas campanhas eleitorais financiadas por vários proprietários de empresas de transporte coletivo.

É certo que muitos motociclistas, conforme induzido pela propaganda de péssimo gosto, se acidentaram e estão agora batendo papo com a minha falecida tia.

Mas, mais certo que isso é o que ela me dizia sobre “o certo virar o errado e o errado virar o certo”.

Por: Marcelo Resende (Rotaway)

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