Se ficarmos atentos apenas aos números, vai parecer mais uma
avaliação de carro. São 148 cv e 22,5 kgfm de torque obtidos por um
motor 2.3 a gasolina. As credenciais de mecânica da Triumph Rocket a
colocariam para brigar com carros do calibre do Honda Civic e do Toyota
Corolla, mas é apenas uma moto. Tudo no modelo da marca de origem
inglesa é superlativo: de seus 367 kg de peso ao enorme pneu traseiro na
medida 240/50. Até mesmo o preço é de sedã médio: R$ 71.990.
Apesar
do visual de custom clássica, a Rocket oferece alguns tons de
modernidade: o modelo vem de série com ABS e um pequeno computador de
bordo junto ao conta-giros para informar o consumo médio e autonomia,
além dos usais odômetros parciais. O câmbio é de cinco marchas, exigindo
pouco esforço para as trocas e com um neutro fácil de encontrar. A
transmissão final é por eixo cardã. Enquanto isso, nada de configuração
de cilindros em V, uma vez que os três cilindros são dispostos
longitudinalmente e o bloco tem refrigeração líquida e duplo comando de
válvulas no cabeçote.
A tarefa de parar todo o conjunto fica por
conta de dois discos de 320 mm na frente e um único de 316 mm na
traseira. Na ponta anterior, a roda é de 17” calçada por um pneu de
medida 150/80, enquanto o já citado grandalhão pneu posterior é montado
numa roda aro 16.
Nas medidas, a Triumph pode assustar os pilotos
de primeira viagem. Ela tem 2,5 m de comprimento, 970 mm de largura, 1,2
m de altura e 1,7 m de entre-eixos. Apesar das proporções e do motor,
não há um toque sequer de superesportiva na Rocket. Guidão e assentos
largos e diversos detalhes cromados sugerem muito mais a experiência de
uma custom, algo que ela também não é. Então o que ela é?
Acordando um gigante
A
marca chama seu produto de Roadster, um tipo de moto que não se presta à
velocidade ou a grandes viagens. A pegada da Rocket é desfilar com
estilo e mostrar que a Triumph espetou o motor 2.3 num veículo de duas
rodas simplesmente porque eles podem, afinal, não há um argumento
racional que justifique sua existência.
Só que todas essas
incongruências somem assim que o gigante bloco de três cilindros acorda:
um som grave e rasgado surge dos dois escapes laterais e o volume só
aumenta conforme as rotações crescem. O passeio é dominado pelo motor,
seja pelo ronco ou pelo cuidado constante com o acelerador para não ser
jogado para trás. A experiência valeria a pena mesmo que fosse apenas
para dizer que você dirigiu a moto de produção com o maior motor em todo
o mundo.
Por exigir muita atenção, todos os comandos são simples e
sem frescuras. Não há punhos com diversos botões, apenas piscas, buzina
e comutador do farol alto de um lado e o corta-ignição e partida no
outro. Até mesmo o acionamento da embreagem, que não possui assistência
hidráulica, é leve considerando o tamanho do bloco.
Em movimento,
qualquer giro a mais no acelerador resulta numa aceleração brusca. E a
moto se sente mais à vontade na estrada que na cidade. Em ambiente
urbano, seu porte atrapalha manobras mais rápidas e é necessário muito
contra-esterço e força de vontade para mudar a rota da Rocket em baixas
velocidades. O assento tem 750 mm de altura, mas é largo, o que força o
piloto a andar com as pernas mais abertas e dificulta apoiar o pé no
chão. Corredor? Apenas com muita parcimônia, pois, além do guidão, é
preciso ter cuidado com os largos escapamentos.
Na estrada, a 120
km/h (ou mais, se houver um local fechado) a Triumph começa a fazer mais
sentido. Estável e confortável, provê uma posição ereta com braços
relaxados e joelhos dobrados em ângulo reto. É em linha reta e andando
(bem) rapidamente que a moto fica mais feliz.
Pequenos incômodos - Nada
é à prova de falhas, nem a Rocket. A posição da chave - na frente do
painel - é incômoda e pouco prática, principalmente se a ignição for
acionada com o piloto já montado. Para quem vai de carona, o assento é
confortável, mas não há encosto nem ao menos alças de apoio para quem
vai lá atrás.
O tanque oferece cerca de 220 km de autonomia antes
que o aviso de reserva seja acionado, com 24 litros de capacidade
total. O consumo de 9,16 km/l também é parecido com o de um sedã médio,
mas não no bom sentido. Além disso, em ao menos duas situações a luz
indicadora do neutro acendeu ainda com a moto engatada.
Se você
quer apenas uma moto, opções de modelos com o mesmo estilo da Rocket
existem aos montes. Mas se você não vai ficar contente com nada além do
maior motor do mundo instalado numa moto - e pode pagar por isso -, a
Triumph vai ser a única que poderá te atender.
Fonte: iCarros
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