terça-feira, 10 de março de 2015

TRIUMPH ROCKET 2.3: MOTOR NUNCA É DEMAIS

Se ficarmos atentos apenas aos números, vai parecer mais uma avaliação de carro. São 148 cv e 22,5 kgfm de torque obtidos por um motor 2.3 a gasolina. As credenciais de mecânica da Triumph Rocket a colocariam para brigar com carros do calibre do Honda Civic e do Toyota Corolla, mas é apenas uma moto. Tudo no modelo da marca de origem inglesa é superlativo: de seus 367 kg de peso ao enorme pneu traseiro na medida 240/50. Até mesmo o preço é de sedã médio: R$ 71.990.


Apesar do visual de custom clássica, a Rocket oferece alguns tons de modernidade: o modelo vem de série com ABS e um pequeno computador de bordo junto ao conta-giros para informar o consumo médio e autonomia, além dos usais odômetros parciais. O câmbio é de cinco marchas, exigindo pouco esforço para as trocas e com um neutro fácil de encontrar. A transmissão final é por eixo cardã. Enquanto isso, nada de configuração de cilindros em V, uma vez que os três cilindros são dispostos longitudinalmente e o bloco tem refrigeração líquida e duplo comando de válvulas no cabeçote.
A tarefa de parar todo o conjunto fica por conta de dois discos de 320 mm na frente e um único de 316 mm na traseira. Na ponta anterior, a roda é de 17” calçada por um pneu de medida 150/80, enquanto o já citado grandalhão pneu posterior é montado numa roda aro 16.

Nas medidas, a Triumph pode assustar os pilotos de primeira viagem. Ela tem 2,5 m de comprimento, 970 mm de largura, 1,2 m de altura e 1,7 m de entre-eixos. Apesar das proporções e do motor, não há um toque sequer de superesportiva na Rocket. Guidão e assentos largos e diversos detalhes cromados sugerem muito mais a experiência de uma custom, algo que ela também não é. Então o que ela é?

Acordando um gigante

A marca chama seu produto de Roadster, um tipo de moto que não se presta à velocidade ou a grandes viagens. A pegada da Rocket é desfilar com estilo e mostrar que a Triumph espetou o motor 2.3 num veículo de duas rodas simplesmente porque eles podem, afinal, não há um argumento racional que justifique sua existência.

Só que todas essas incongruências somem assim que o gigante bloco de três cilindros acorda: um som grave e rasgado surge dos dois escapes laterais e o volume só aumenta conforme as rotações crescem. O passeio é dominado pelo motor, seja pelo ronco ou pelo cuidado constante com o acelerador para não ser jogado para trás. A experiência valeria a pena mesmo que fosse apenas para dizer que você dirigiu a moto de produção com o maior motor em todo o mundo.

Por exigir muita atenção, todos os comandos são simples e sem frescuras. Não há punhos com diversos botões, apenas piscas, buzina e comutador do farol alto de um lado e o corta-ignição e partida no outro. Até mesmo o acionamento da embreagem, que não possui assistência hidráulica, é leve considerando o tamanho do bloco.

Em movimento, qualquer giro a mais no acelerador resulta numa aceleração brusca. E a moto se sente mais à vontade na estrada que na cidade. Em ambiente urbano, seu porte atrapalha manobras mais rápidas e é necessário muito contra-esterço e força de vontade para mudar a rota da Rocket em baixas velocidades. O assento tem 750 mm de altura, mas é largo, o que força o piloto a andar com as pernas mais abertas e dificulta apoiar o pé no chão. Corredor? Apenas com muita parcimônia, pois, além do guidão, é preciso ter cuidado com os largos escapamentos.

Na estrada, a 120 km/h (ou mais, se houver um local fechado) a Triumph começa a fazer mais sentido. Estável e confortável, provê uma posição ereta com braços relaxados e joelhos dobrados em ângulo reto. É em linha reta e andando (bem) rapidamente que a moto fica mais feliz.

Pequenos incômodos - Nada é à prova de falhas, nem a Rocket. A posição da chave - na frente do painel - é incômoda e pouco prática, principalmente se a ignição for acionada com o piloto já montado. Para quem vai de carona, o assento é confortável, mas não há encosto nem ao menos alças de apoio para quem vai lá atrás.

O tanque oferece cerca de 220 km de autonomia antes que o aviso de reserva seja acionado, com 24 litros de capacidade total. O consumo de 9,16 km/l também é parecido com o de um sedã médio, mas não no bom sentido. Além disso, em ao menos duas situações a luz indicadora do neutro acendeu ainda com a moto engatada.

Se você quer apenas uma moto, opções de modelos com o mesmo estilo da Rocket existem aos montes. Mas se você não vai ficar contente com nada além do maior motor do mundo instalado numa moto - e pode pagar por isso -, a Triumph vai ser a única que poderá te atender.

Fonte: iCarros

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