Gasolina brasileira já chegou a ter 42% de álcool em sua composição
Mesmo após séculos de convívio com a agroindústria canavieira,
somente no século XX o Brasil descobre no álcool uma opção energética
atraente. Entre 1905 e meados da década de 1920, sucederam-se diversas
tentativas da agroindústria sucroalcooleira de promover o álcool como
combustível. Em 1927, a Usina Serro Grande de Alagoas lançou no Nordeste
o álcool-motor “USGA”, que em seguida foi copiado por produtores das
principais regiões canavieiras do país à época (São Paulo, Rio de
Janeiro, Pernambuco e do próprio estado de Alagoas).
No final da década
de 1920, o Instituto Nacional de Tecnologia - INT, que ainda se chamava
Estação Experimental de Combustíveis e Minérios, fez experiências com
motores a álcool, testados em um Ford de 4 cilindradas. Em 20 de
fevereiro de 1931, o governo brasileiro estabeleceu o decreto n° 19.717,
que obrigou a mistura de 5% de álcool na gasolina importada consumida
pelo país. A criação do Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, em 1933,
organizou as bases para o aumento da produção alcooleira nacional por
meio de financiamentos de destilarias anexas às usinas de açúcar. Em 23
de setembro de 1938, o decreto-lei n° 737, estendeu a mistura de 5% de
álcool à gasolina produzida no país, com a implantação da primeira
refinaria nacional de petróleo.
No período entre 1942 e 1946, com
as dificuldades de abastecimento de petróleo e derivados provocadas
pela II Guerra Mundial, a mistura de álcool carburante à gasolina chegou
a alcançar 42%.
Nas décadas de 1950 e 1960, porém, o álcool como
carburante tornou-se menos interessante, tanto para o governo como para
o empresariado do setor. Reduziu-se sensivelmente o percentual da
mistura, atingindo, no início da década de 1970, 2,9% em todo o país e
7% na cidade de São Paulo.
Em meados da década de 1970, uma nova
inversão da conjuntura econômica internacional, com a queda do preço
externo do açúcar e o aumento do preço do petróleo, criou as bases para o
retorno do álcool combustível à matriz energética nacional, inclusive
com a introdução do uso exclusivo do etanol como carburante.
Em
2000, no Brasil, o álcool como combustível é usado de duas maneiras:
adicionado à gasolina pura, em teores da ordem de 22% de álcool anidro,
a 99,6 Gay-Lussac (GL) e 0,4% de água, formando uma mistura “gasool”,
com o objetivo de aumentar a octanagem da gasolina pura utilizada nos
carros comuns e reduzir a emissão de poluentes; e como álcool puro, na
forma de álcool hidratado, a 95,5 GL, utilizado em veículos com motores
desenvolvidos para o uso exclusivo de álcool hidratado como combustível.
O
álcool mostra-se um bom combustível automotivo, apresentando um nível
de octanagem superior ao da gasolina. Ademais, não contém enxofre, o que
evita a emissão de compostos de enxofre e a contaminação dos
conversores catalíticos, e tem uma pressão de vapor inferior a da
gasolina, o que resulta em menores emissões evaporativas.
Os
“choques do petróleo” ocorridos na década de 1970, em especial o
segundo, em 1979, tiveram grande impacto sobre a economia do Brasil.
Para minimizar o desequilíbrio na balança comercial brasileira, causado
pela brusca elevação dos preços do petróleo, o governo federal decidiu
implementar uma política energética cujo objetivo era reduzir o
dispêndio líquido de divisas. Uma das principais vertentes dessa
política foi incentivar fontes alternativas ao petróleo importado e o
uso eficiente da energia, destacando-se os seguintes programas:
- Programa de Produção Antecipada de Petróleo;
- Programa de Eletrotermia;
- Programa de Uso Eficiente da Energia - Conserve;
- Programa Nacional do Álcool - Proálcool.
Por
meio dessas políticas e medidas, ocorreu uma evolução significativa da
produção nacional de petróleo e gás natural; o consumo final energético
do álcool etílico por ano tem variado desde 1975 até 2000 entre 580
milhões e 10,6 bilhões de litros, tendo a produção atingido um volume
máximo de 15,5 bilhões de litros em 1997; houve contração da demanda
relativa de óleo combustível e de gasolina, ao mesmo tempo que houve
expansão da demanda por outros derivados de elevado interesse social,
como o gás liqüefeito de petróleo - GLP, o diesel e a nafta petroquímica
para atender as necessidades do setor petroquímico, o que implicou na
necessidade de investimentos nas refinarias para adequarem o perfil da
produção ao consumo.
Veja AQUI o teor da Lei 8.723 de 28 de outubro de 1993 que disciplina os atuais 22% de álcool obrigatórios na mistura da gasolina brasileira.