Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez
mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do
uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples
obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha
da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas
situações mais prosaicas, inclusive quando pilotamos nossa motocicleta.
É uma elegância desobrigada, um gesto ao ser auxiliado numa
ultrapassagem, um cumprimento e um sorriso no pedágio, um leve toque de
buzina e cumprimento de mão.
É possível detectá-la nas pessoas que
elogiam mais do que criticam, nas pessoas que escutam mais do que falam e
quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas
no dia a dia.
Quando nas estradas cruzamos ou ultrapassamos um
companheiro motociclista não custa um aceno de simpatia ou um toque de
buzina, independente de sua motocicleta.
Numa viagem com amigos ou
simples conhecidos é possível detectar elegância nas pessoas que não
usam um tom superior de voz ao se dirigir aos frentistas e garçons.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem
prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é o motociclista que demonstra interesse por assuntos que
desconhece, se preocupa com a manutenção da motocicleta do companheiro,
com sua bagagem, é quem cumpre o que promete. É elegante não ser
espaçoso demais nem querer ser líder por vontade própria. É elegante não
mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro, é muito elegante
não falar de dinheiro e de viagens desconhecidas dos demais em
bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
Uma potente moto tinindo de nova, um belo sobrenome, experiência em
grandes quilometragens e nariz empinado não substituem a elegância de um
gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do
mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Os motociclistas de um
modo geral são solidários, leais, amistosos.
Ser elegante é
desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social e das cilindradas da motocicleta. Se os companheiros de jornada
não merecem certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: isso tudo não é frescura, é apenas A ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO NO MOTOCICLISMO.
Autor: Otavio Araujo “Gugu” - 68 anos, motociclista há 52 anos, residente em Taubaté SP.
Fonte: retirado do Facebook